8 de julho de 2013

SHELLEY SEM ANJOS E SEM PUREZA


Shelley sem anjos e sem pureza,
aqui estou à tua espera nesta praça,
onde não há pombos mansos mas tristeza
e uma fonte por onde a água já não passa.

Das árvores não te falo pois estão nuas;
das casas não vale a pena porque estão
gastas pelo relógio e pelas luas
e pelos olhos de quem espera em vão.

De mim podia falar-te,mas não sei
que dizer-te desta história de maneira
que te pareça natural a minha voz.

Só sei que passo aqui a tarde inteira
tecendo estes versos e a noite
que te há-de trazer e nos há-de de deixar sós



Eugénio de Andrade (Portugal)

Um comentário:

António Eduardo Lico disse...

Dois grandes poetas - Eugénio de Andrade e Shelley.
Abraço