E então subimos aquele grande rio
e as portas do Ródão,
chamadas. Era em abril
dois dias depois da neve
e da cidade dos nevões,
na serra.
E olhamos para os
penhascos da beira-rio,
as oliveiras, o xisto, a
cevada
as ervas de termo, e as
colinas.
E, junto da via férrea,
os homens do país
miravam-nos como se
fossemos nós
e não eles os mortos
desta terra,
homens do medo e do tempo
da discórdia
que trazem para o cimo
das estradas
a malícia que vai
apodrecendo
seus pés neste mundo e em
terras de outrém.
Que fazeis do mundo e da
sua chama imponderável, os homens,
perdidos que estais, hoje
como ontem,
entre a casa e o limiar?
E evocamos, mais uma vez,
esse provérbio sessouto.
E, na verdade, porque
regressaremos,
após tantos anos, a este
tema?
Será que a morte nos
ensinou
a olhar para o homem com
pavoroso êxtase?
João Vário (Cabo Verde)
Um comentário:
Belíssima poesia.
Boa semana.
Abraço.
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