João Vário (1937-2007) nasceu no Mindelo, Cabo Verde, e deixou uma obra poética extensa, mas pouco conhecida do grande público. Considerado pelos especialistas o maior poeta africano do século XX, nunca foi publicado em Portugal.
Agora chega até nós Exemplos, um volume que reúne uma sequência de nove livros de poesia publicados entre 1966 e 1998. A Língua Portuguesa é, par exelence, uma Língua de poetas mortos, imagine-se, João Vário nunca foi publicado em Portugal....
Agora chega até nós Exemplos, um volume que reúne uma sequência de nove livros de poesia publicados entre 1966 e 1998. A Língua Portuguesa é, par exelence, uma Língua de poetas mortos, imagine-se, João Vário nunca foi publicado em Portugal....
Exemplos
de João Vário
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 312
Editor: Tinta da China
ISBN: 9789896711603
Há muito passado
no estar aqui com o tempo,
Fim e
reconhecimento, e não sofrendo nada mais do que o tempo concede,
Fim de novo e
reconhecimento de novo
E tudo é crime,
ou crime sempre, crime ou crime,
Criminosissimamente
crime,
Quando arriscamos
a intensidade, comemorando.
Aumento e festa,
ou cilício, e tempo de cair e tempo de seguir,
Tempo de mal cair
e tempo de mal seguir,
Oh amamos tanto,
amamos tanto estar aqui com o tempo
E sabendo que há
nisso pouco passado.
Porque maiores
que os desígnios da vida
São os desígnios
da medida e, divididos
Em dois por eles,
com eles indo, se por eles
Ganhamos o tempo,
pedimos a forma mais fácil
De indagar que
vamos morrer e, um dia, se
O tempo for deles
e, a memória, de outros,
Havemos de ser úteis
como mortos há muito,
Sem que a causa,
o delírio, a designação,
O julgamento
nossa medida abandonem,
Dividida em duas
por elas, e ganhando constância.
Depois, depois
faremos ou fará o tempo, por sua vez,
Aquele blasfemíssimo comentário,
E então consta
que amámos.
João Vário (Cabo Verde)
Um comentário:
Não é a primeira vez que sucede algo assim, infelizmente.
Sinceramente não conhecia a poesia deste magnífico poeta.
Abraço caro amigo.
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