19 de novembro de 2007

TOIA NEUPARTH - PINTORA ANGOLANA

jovem muíla
anciao noiva muila
viuva da ilha de Luanda
A pintora, Maria Antónia Neuparth Vieira Alexandre (TOIA NEUPARTH), nasceu a 11/03/1943 na cidade do Lubango, em Angola, estudou artes decorativas e aperfeiçoou posteriormente em Lisboa a técnica de pintura a óleo – que utiliza para produzir os retratos que constituem grande parte da sua obra.

A pintora desenvolve através da pintura a força das suas recordações, transpondo para a tela figuras que marcaram a sua vida. A artista retrata nas suas obras a paixão e a envolvência feminina e masculina, através da figuração corporal. É em África que reencontra a sua inspiração, dedicando-se à investigação de vários aspectos da cultura africana.

BEIJO-DE-MULATA


(Beijos-de-mulata)
Pai:
Olho o teu rosto fechado
nas letras apagadas dessa campa
a tua
(no quadro dezasseis
do Cemitério Velho)
e não sei que mistério poderoso
me prende os olhos,
Pai!

A pedra não diz nada senão pedra.
Os beijos-de-mulata que plantaram
sobre o teu corpo
continuam florindo da tua substância.
Não surge sobre a campa
O sorriso de que dourei tua lembrança,

Pai!

Não fico mais aqui, porque estás longe.
Tudo quanto estou ouvindo e repetindo
vem de dentro de mim
de um já longínquo mundo.
Apenas levarei um beijo-de-mulata
eterna florescência do teu ser
lembrança imperecida da tristeza
que marcou o teu rosto sofredor.


Mário António (Angola)

Ó Angola meu berço do Infinito




Ó Angola meu berço do Infinito
meu rio da aurora
minha fonte do crepúsculo
Aprendi a angolar
pelas terras obedientes de Maquela
(onde nasci)
pelas árvores negras de Samba-Caju
pelos jardins perdidos de Ndalatandu
pelos cajueiros ardentes de Catete
pelos caminhos sinuosos de Sambizanga
pelos eucaliptos das Cacilhas
Angolei contigo nas sendas do incêndio
onde os teus filhos comeram balas
e
regurgitaram sangue torturado
onde os teus filhos transformaram a epiderme
em cinzas
onde das lágrimas de crianças crucificadas
nasceram raças de cantos de vitória
raças de perfumes de alegria
E hoje pelos ruídos das armas
que ainda não se calaram pergunto-me:
Eras tu que subias montanhas de exploração?
que a miséria aterrorizava?
que a ignorância acompanhava?
que inventariavas os mortos
nos campos e aldeias arruinados
hoje reconstituídos nos escombros?
A resposta está no meu olhar
e
nos meus braços cheios de sentidos

(Angola meu fragmento de esperança)
deixai-me beber nas minha mãos
a esperança dos teus passos
nos caminhos de amanhã
e
na sombra d´árvore esplendorosa.)



João Maimona (Angola)
In “Traço de união”

9 de novembro de 2007

MURO DE BERLIM * 09/11/1989

O Muro de Berlim (Berliner Mauer, em alemao) caiu a 9 de Novembro de 1989...
Mas ainda existem muitos outros muros para serem derrubados. Muros mais dificeis de derrubar porque arreigados na mente e no espirito dos Homens...
NO MORE WARS. NO MORE WALLS...






6 de novembro de 2007

PARABENS SOPHIA...




Sophia de Mello Breyner Andresen foi, sem sombra de dúvida, um dos mais emblemáticos poetas portugueses contemporâneos, pela originalidade sem precedentes da sua expressão formal – um nome que se transformou, em Portugal, num sinónimo de poesia pura e, ao mesmo tempo, numa espécie de musa da própria poesia.Sophia nasceu no Porto, em 1919, no seio de uma família aristocrática de ascendência dinamarquesa. A sua infância e adolescência decorrem entre o Porto e Lisboa, onde cursou Filologia Clássica. Após o casamento com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares, fixa-se em Lisboa, passando a dividir a sua actividade entre a poesia e o activismo cívico contra o regime de Salazar. A sua poesia ergue-se então como uma espécie de "voz de liberdade".
Sophia de Mello Breyner Andresen morreu a 2 de Julho de 2004.





Exílio


Quando a pátria que temos não a temos

Perdida por silêncio e renúncia

Até a voz do mar se torna exílio

E a luz que nos rodeia é como grandes