Porque daqui se
levantará
todo o horizonte,
nasces — a terra toda
em alfabetos,
assombros,
E se abrem os
tesouros:
vertigem: as
vísceras iluminadas.
Porque sou eu
quem levanta das palavras o dizer
inscrevo nas
fábulas o fogo,
o arco e a pedra,
a seta envenenada
e o sangue — a
sua carne
lacrimejante.
E nenhuma voz
(rio adormecendo
a margem frágil)
repetirá a voz
deste dizer, a
sua caligrafia
do vôo
dirá a
flecha,
da viagem, os
caminhos.
Porque daqui se
levantará
todo o horizonte,
nasces - Terra
e nósmada
— Bosquímano.
Zetho Cunha Gonçalves (Angola)
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