17 de julho de 2013

AS MURALHAS DA NOITE


         A mão ia para as costas da madrugada.
         As mulheres estendiam as janelas da alegria
         nos ouvidos onde não se apagavam as alegrias.

Entre os dentes do mar acendiam-se braços.

         Os dias namoravam sob a barca do espelho.
         Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia.
         E da chuva de barcos chegavam colchões,
         camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas
         onde cantavam soldados de capacetes
         por pintar no coração da meia-noite.

         Eram os barcos que guardavam as muralhas
         da noite que a mão ouvia nas costas
da madrugada entre os dentes do mar.



João Maimona (Angola)

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