Aquele que partiu
Precedendo os
próprios passos como um jovem morto
Deixou-nos a
esperança.
Ele não ficou
para connosco
Destruir com
amargas mãos seu próprio rosto
Intacta é a sua
ausência
Como a estátua
dum deus
Poupada pelos
invasores duma cidade em ruínas
Ele não ficou
para assistir
À morte da
verdade e à vitória do tempo
Que ao longe
Na mais longínqua
praia
Onde só haja
espuma sal e vento
Ele se perca
tendo-se cumprido
Segundo a lei do
seu próprio pensamento
E que ninguém
repita o seu nome proibido.
Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal)
Nenhum comentário:
Postar um comentário