16 de julho de 2013

FLORIRAM POR ENGANO AS ROSAS BRAVAS


Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze _quanta flor! _do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

Camilo Pessanha (Portugal)

 in 'Clepsidra'

2 comentários:

António Eduardo Lico disse...

Sempre bom reler Camilo Pessanaha que é um poeta que eu muito aprecio.
Abraço.

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Como voce mesmo disse, nunca é tarde para repor a justica...
Também gosto de Camilo Pessanha mas nunca o tinha postado...

Obrigado pelas visitas e comentários.
Namibiano