22 de junho de 2013

AS TRES PENEIRAS - CONTO

foto da net

O pequeno Raul saiu da escola a correr, chegou a casa muito excitado, e, depois de beijar a mãe, exclamou:
– Já sabes o que dizem do António?
– Espera um pouco, tem paciência. Antes de principiares, lembra-te das três peneiras…
– Mas quais peneiras, minha mãe?
– Sim; vais ouvir e saberás. A primeira chama-se verdade. Tens a certeza de que é certo o que me queres dizer?
– Não; se é certo, não sei.
– Vês?… E a segunda chama-se benevolência. Será benevolente, será boa, essa notícia?
– Não, minha mãe, não é boa.
– E a terceira chama-se necessidade. Será necessário respeitares tudo isso que te contaram desse teu camarada e amigo?
– Não, minha mãe.
– Pois se não é necessário nem benevolente, e talvez nem seja verdade, entendo que é preferível, meu filho, calares a tua boca.
António Botto (Portugal)

Um comentário:

António Eduardo Lico disse...

E tinha razão o António Botto, aliás também um grande poeta.
Bom fim de semana.
Abraço