Na rede, que um
negro moroso balança,
qual berço de
espumas,
formosa crioula
repousa e dormita,
enquanto a
mucamba nos ares agita
um leque de
plumas.
Na rede perpassam
as trémulas sombras
dos altos bambus;
e dorme a
crioula, de manso embalada,
pendidos os
braços da rede nevada
mimosos e nus.
Na rede, suspensa
dos ramos erguidos,
suspira e sorri
a lânguida moça,
cercada de flores;
aos guinchos dá
saltos na esteira de cores
felpudo sagui.
Na rede, por
vezes, agita-se a bela,
talvez murmurando
em sonhos as
trovas cadentes, saudosas,
que triste colono
por noites formosas
descanta
chorando.
A rede nos ares
do novo flutua,
e a bela a
sonhar!
Ao longe nos
bosques escuros, cerrados,
de negros cativos
os cantos magoados
soluçam no ar.
Na rede
olorosa... Silêncio! Deixai-a
dormir em
descanso!...
Escravo,
balança-lhe a rede serena;
mestiça, teu
leque de plumas acena
de manso, de
manso...
O vento que passe
tranquilo, de leve,
nas folhas do
ingá;
as aves que
abafem seu canto sentido;
as rodas do
«engenho» não façam ruído,
que dorme a sinhá!
2 comentários:
Bom reler a poesia de Gonçalves Crespo.
Abraço.
Olá, Nambiano!
Quero agradecer-lhe a visita ao Lugares da Palavra,e dizer-lhe do prazer que encontrei aqui ao visitar e este seu blog.
Esta visita me deu a conhecer Gonçalves Crespo. Que Alegria!
Abraço,
Aureliano.
Postar um comentário