Negra gentil,
carvão mimoso e lindo
Donde o diamante
sai,
Filha do sol,
estrela requeimada,
Pelo calor do
Pai,
Encosta o rosto,
cândido e formoso,
Aqui no peito
meu,
Dorme, donzela,
rola abandonada,
Porque te velo
eu.
Não chores mais,
criança, enxuga o pranto,
Sorri-te para
mim,
Deixa-me ver as
pérolas brilhantes,
Os dentes de
marfim.
No teu divino
seio existe oculta
Mal sabes quanta
luz,
Que absorve a tua
escurecida pele,
Que tanto me
seduz.
Eu gosto de te
ver a negra e meiga
E acetinada cor,
Porque me lembro,
ó Pomba, que és queimada
Pelas chamas do
amor;
Que outrora foste
neve e amaste um lírio,
Pálida flor do
vale,
Fugiu-te o lírio:
um triste amor queimou-te
O seio virginal.
Não chores mais,
criança, a quem eu amo,
Ó lindo querubim,
O amor é como a
rosa, porque vive
No campo, ou no
jardim.
Tu tens o meu
amor ardente, e basta
Para seres feliz;
Ama a violeta que
a violeta adora-te
Esquece a
flor-de-lis.
Caetano de Costa
Alegre (São Tomé e Príncipe)
3 comentários:
Uma bela poesia. Não con hecia o autor. Obrigado por partilhar.
Abraço.
Antonio
o autor viveu em Lisboa. Talvez um dos poetas santomenses mais antigos.
abraço
Esqueci de dizer é do século XIX
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