18 de dezembro de 2009

O MEU AMO

O meu amo em fúrias
E falas de arrelias
Aportou mal-humorado ao palácio
Dos sonhos e silêncio
E num estrondo resoluto
Gritou ser amo e amante absoluto!


Trovejou fortes trovoadas
Arregaçou uma camisa
De costas corroídas de pobreza
E magreza
Trovejou às paredes de casa
E tempestuou páginas revoltadas!


Mostrou um peito desmusculado
Diluído em mágoas de álcool
E cansaços de sol
Um velho-peito-robusto
Desgastado e agastado
Em magras costelas de desgosto!


Gritou gestos abruptos
No vazio das panelas
Dos bolsos rotos
Gritou desespero às janelas
E resmungou um silêncio amuado
Um silêncio, o meu pobre amado!


Depois procurou meus mistérios
E o mansinho dos delírios
Conduziu-me a novos portos
Ressonou a nova aurora
Com ventos d’outrora
Ressonou um sonho de gemidos fartos!


Décio Bettencourt Mateus (Angola)
in Xé Candongueiro.
Luanda, 23 de Abril de 2007.

Um comentário:

DECIO BETTENCOURT MATEUS disse...

Namibiano: sempre um prazer estar aqui onde a boa escolha e o bom gosto faz moradia. Valeu mano.

Kandandu