26 de janeiro de 2015

ANÉIS DE CINZA


São minhas vozes cantando
para que não cantem eles,
os amordaçados cinzentos do alvorecer,
os vestidos de pássaro desolado na chuva.

Há, na espera,
um murmúrio liláceo rompendo-se.
E há, quando vem o dia,
uma divisão do sol em pequenos sóis negros.
E quando é noite, sempre,
uma tribo de palavras mutiladas
procura abrigo em minha garganta
para que eles não cantem,

os sombrios, os donos do silêncio.


Alejandra Pizarnik (Argentina)

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