Devagar escreva
uma primeira
letra
escreva
nas imediações
construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira
pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os
vendavais;
devagar imponha
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro olhar
sobre o galope
molhado
dos animais;
devagar
peça mais
e mais e
mais.
Ana Cristina
Cesar, Rio de Janeiro (1952-1983) - Poeta e tradutora, pertenceu à "
geração mimeógrafo" ou poesia marginal da década de 70.
Um comentário:
Pedir sempre mais. Mas devagar para não rasgar o "pano da boca" e evitar que a voz enrouqueça no poema...
Muito belo!
Beijo.
Postar um comentário