Não me
interessa o que
dizem os
dissidentes da ditadura.
Mas confesso que
gostava dos chocolates Toblerone
que a minha tia
me trazia no Natal.
Não acredito nos
detidos políticos,
nem me
impressionam os miúdos descalços
que mostram os
dentes para as máquinas Minolta
dos turistas
italianos.
Não vou pedir
asilo.
Desconheço os
avanços
ou retrocessos
económicos do meu país.
Já falei de
Drácula que chegue.
Já apanhei
morangos na Andaluzia.
Já fui cigana, já
fui puta.
Escusam de mo
perguntar outra vez.
O que me preocupa
– e isso, sim, pode ser relevante
para o fim da
história – é saber
quando é que me
transformei,
eu que era uma
loba solitária,
neste caniche de
apartamento que vos fala agora?
Golgona Anghel
(Roménia/Portugal)
Golgona Anghel nasceu na Roménia, em 1979, vive em Portugal, escrevendo poesia na nossa língua portuguesa.
Publicou: “Eis-me Acordado Muito Tempo Depois de Mim” - uma biografia de Al Berto (2006), “Crematório Sentimental - Guia de Bem-Querer” (2007) e "Vim Porque me Pagavam” (2011). A editora Assírio & Alvim acaba de lançar “Como Uma Flor de Plástico na Montra de um Talho”.
Publicou: “Eis-me Acordado Muito Tempo Depois de Mim” - uma biografia de Al Berto (2006), “Crematório Sentimental - Guia de Bem-Querer” (2007) e "Vim Porque me Pagavam” (2011). A editora Assírio & Alvim acaba de lançar “Como Uma Flor de Plástico na Montra de um Talho”.
Um comentário:
Uma bela poesia.
Obrigado por partilhar, não conhecia a autora.
Abraço.
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