24 de agosto de 2013
6 de agosto de 2013
O CÉU É AQUELA CLAREIRA
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o céu é aquela clareira
onde deito os
olhos com ténues
cambiantes de cor
que quase
gasto nas mãos, e
como. como
o céu e aguardo
uma
digestão convulsa.
enquanto
o aguaceiro seca
na terra antes que o
possa beber e
deus se
vinga de mim
ditando
os versos que
escondem
a água ao mundo.
já as
fogueiras
florindo em volta,
murchando o dia
que me
persegue. uma
intervenção
divina para me
resistir
valter hugo mãe (Portugal)
CRONICA DE RUBEM BRAGA
O Conde e o Passarinho
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(Retirado do blog de Cirandeira.)
2 de agosto de 2013
POEMA DE CAMILO PESSANHA
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Não Sei
se Isto é Amor
Não sei se isto é
amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me
fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso,
crê! nunca pensei num lar
Onde fosses
feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca
chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te
escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de
acordar te procurei no leito
Como a esposa
sensual do Cântico dos cânticos.
Se é amar-te não
sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia,
o teu sorriso terno...
Mas sinto-me
sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra
bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a
tarde e sempre sem receio
Da luz
crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a
olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei
jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é
amor. Será talvez começo...
Eu não sei que
mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o
é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia
talvez de te saber doente.
Camilo Pessanha (Portugal)
in 'Clepsidra'
O SOL NAS NOITES E O LUAR NOS DIAS
De amor nada mais
resta que um Outubro
e quanto mais
amada mais desisto:
quanto mais tu me
despes mais me cubro
e quanto mais me
escondo mais me avisto.
E sei que mais te
enleio e te deslumbro
porque se mais me
ofusco mais existo.
Por dentro me
ilumino, sol oculto,
por fora te
ajoelho, corpo místico.
Não me acordes.
Estou morta na quermesse
dos teus beijos.
Etérea, a minha espécie
nem teus zelos
amantes a demovem.
Mas quanto mais
em nuvem me desfaço
mais de terra e
de fogo é o abraço
com que na carne
queres reter-me jovem.
Natália Correia (Portugal)
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