Em teus dentes
o sol
é diamante de fantasia
a lua
caco-de-garrafa
e
a mentira
verdade vagabunda
errando de cágado
em torno da lagoa dos olhos da noite
na treva aveludada
de tua pele
os dedos curiosos
são estrelas de marfim
à busca
de um dia caprichoso
despontando de miragem
por detrás das corcundas de elefantes adormecidos
**********************************************************************************************
Por entre as margens da esperança
e da morte
meteste a tua mão
e
eu vi alongados nas águas
os dedos que me agarram
em lagoa de um sonho
corpo de jacaré
é soturna jangada de palavras
secas
por entre as margens da esperança
e da morte
**********************************************************************************************
em mão frágil de amarelo
se quebra o galho de gajajeira
pela tardinha vermelha em flor
sussurrar de vento
não é voz de capim crescendo
é murmúrio impaciente
de gentes
no azul de parte alguma
em mão frágil de amarelo
se quebra o galho da gajajeira
pela tardinha vermelha em flor
**********************************************************************************************
saudade
é o tempo de pacassas pardas
e macacos sem rabo servindo de administradores
quando o calor ia derretendo o céu
e a chuva se vendia na farmácia
do comerciante de cabelos de fio
saudade
é o tempo de patos bravos
e macacos sem rabo servindo de padres
quando o medo ia gelando a terra
e o pranto se dava de beber aos porcos
do comerciante de cabelos de fio
**********************************************************************************************
escuras nuúvens grossas de outros céus vindas
entrançando-se por entre asas de pâssaros canibais
e
chuva de feiticeiro
em sopro
de arco-íris dependurada
irmão
vem vem
escuras núvens grossas
temem o sol de nossos olhos todos
pâssaros canibais
a garra de nossas mãos todas
e
chuva de feiticeiro
se perde no ar de nossos copos todos
irmão
vem vem
Arlindo Barbeitos (Angola)
Breve Biografia:
Arlindo Barbeitos, seu nome completo Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, nasceu em Catete, Angola, a 24 de Dezembro de 1940. Por motivos politicos foi obrigado a sair de Angola tendo ido viver para a Franca, Suica, Belgica, Alemanha.
Licencou-se em Sociologia e Antropologia na Universidade de Frankfurt. Doutorou-se em Etnologia e foi professor na Universidade Livre de Berlim Ocidental.
Em 1975 regressa a Angola, indo leccionar para a Universidade de Angola. Poeta e ficcionista.
Traduzido em varias linguas, e incluido em numerosas antologias.
Tem publicados: Angola Angole Angolema (Poemas, 1976, Lisboa, Sa da Costa); Nzoji (Poemas), 1979, Lisboa, Sa da Costa); O Rio. Estorias de regresso (Contos, 1985, Lisboa, INCM); Fiapos de Sonho (Poesia, 1992, Lisboa, Vega);
Na Leveza do Luar Crescente (1998, Lisboa, Editorial Caminho).
o sol
é diamante de fantasia
a lua
caco-de-garrafa
e
a mentira
verdade vagabunda
errando de cágado
em torno da lagoa dos olhos da noite
na treva aveludada
de tua pele
os dedos curiosos
são estrelas de marfim
à busca
de um dia caprichoso
despontando de miragem
por detrás das corcundas de elefantes adormecidos
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Por entre as margens da esperança
e da morte
meteste a tua mão
e
eu vi alongados nas águas
os dedos que me agarram
em lagoa de um sonho
corpo de jacaré
é soturna jangada de palavras
secas
por entre as margens da esperança
e da morte
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em mão frágil de amarelo
se quebra o galho de gajajeira
pela tardinha vermelha em flor
sussurrar de vento
não é voz de capim crescendo
é murmúrio impaciente
de gentes
no azul de parte alguma
em mão frágil de amarelo
se quebra o galho da gajajeira
pela tardinha vermelha em flor
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saudade
é o tempo de pacassas pardas
e macacos sem rabo servindo de administradores
quando o calor ia derretendo o céu
e a chuva se vendia na farmácia
do comerciante de cabelos de fio
saudade
é o tempo de patos bravos
e macacos sem rabo servindo de padres
quando o medo ia gelando a terra
e o pranto se dava de beber aos porcos
do comerciante de cabelos de fio
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escuras nuúvens grossas de outros céus vindas
entrançando-se por entre asas de pâssaros canibais
e
chuva de feiticeiro
em sopro
de arco-íris dependurada
irmão
vem vem
escuras núvens grossas
temem o sol de nossos olhos todos
pâssaros canibais
a garra de nossas mãos todas
e
chuva de feiticeiro
se perde no ar de nossos copos todos
irmão
vem vem
Arlindo Barbeitos (Angola)
Breve Biografia:
Arlindo Barbeitos, seu nome completo Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, nasceu em Catete, Angola, a 24 de Dezembro de 1940. Por motivos politicos foi obrigado a sair de Angola tendo ido viver para a Franca, Suica, Belgica, Alemanha.
Licencou-se em Sociologia e Antropologia na Universidade de Frankfurt. Doutorou-se em Etnologia e foi professor na Universidade Livre de Berlim Ocidental.
Em 1975 regressa a Angola, indo leccionar para a Universidade de Angola. Poeta e ficcionista.
Traduzido em varias linguas, e incluido em numerosas antologias.
Tem publicados: Angola Angole Angolema (Poemas, 1976, Lisboa, Sa da Costa); Nzoji (Poemas), 1979, Lisboa, Sa da Costa); O Rio. Estorias de regresso (Contos, 1985, Lisboa, INCM); Fiapos de Sonho (Poesia, 1992, Lisboa, Vega);
Na Leveza do Luar Crescente (1998, Lisboa, Editorial Caminho).
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