1 de junho de 2007

BENGUELA



Caotinha - Benguela
obrigado por me teres dado a "Mena", a Irmã que
nunca tive



Numa das longas conversas,
Que tive com minha Avó
Perguntei-lhe se conhecia Benguela.
A minha Avó respondeu-me:
Conhecer eu não conheço,
Mas já ouvi falar dela.
Perguntei-lhe, se conseguia,
Num mapa localizar.
Ou por seus olhos cansados
Ou porque o mapa era velho.
Precorreu-o de alto a baixo
Não conseguiu encontrar.
Para eu não ficar triste,
Pediu-me lápis de cor,
E em seu estilo Naiff,
Sobre uma folha branca,
Com o castanho fez vários riscos,
Com o vemelho fez bolinhas
Chamou-lhe Acácias em flor.
Dum lado e de outro de um morro,
Desenhou duas baías.
Que mais pareciam contorno,
De dois seios de mulata.
Com o azul pintou o mar,
Com o amarelo fez um sol,
A uma chamou-lhe Azul.
A outra chamou-lhe Farta.
Três praias mais desenhou,
A uma chamou Caota...
E Caotinha à mais pequena.
Mais ao lado, para mim,
A mais bonita...
Chamou-lhe praia Morena
Com o mesmo azul da praia,
Fez um rio.
A preto pintou um barco...
Com o amarelo bananas,
De resto tudo era verde...
Chamou-lhe rio Cavaco.


Segurou naquele desenho,
Como não sabia ao certo,
Em que lugar no mapa,
Deveria colocar!
Disse-me escuta meu neto.
Quando para o sul viajares
E chegares a uma cidade
Com praias maravilhosas,
Com acácias floridas,
E muitas mulheres bonitas,
Nas ruas ou à janela.
Pára...
Porque ou já é, ou estás perto
Dessa Cidade tão linda,
A que chamam de Benguela.



Olimpio C. Neves (Angola)

3 comentários:

Anônimo disse...

Na foto da caotinha...Fui muito feliz nessa pequena praia..Que saudades...Ansioso por rever minha terra, e que linda...

Sílvia Câmara disse...

Lindo, Namibiano.
A história, a avó, o neto, os azuis, as praias.
Essa inocência cheia de sabedoria.
Parabéns pela escolha da postagem.
um abraço

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Silvia agradeco tua visita, gostei muito deste poema, tem ritmo, beleza e sentimento. Depois esta muito bem construido na maneira como o autor conta a historia. Simplesmente lindo...
Kandandu