2 de outubro de 2021

ADONIS - POESIA ÁRABE

  

Adonis - foto autor desconhecido



Adonis, pseudónimo de Ali Ahamed Said Esber — Al Qassabin, Lataquia, Síria, 1 de janeiro de 1930) é um poeta e ensaísta sírio, com uma longa carreira literária no Líbano e em França, autor de mais de vinte livros em língua árabe.

Poeta, pensador, ensaísta, considerado o máximo expoente da poesia árabe contemporânea, Ali Ahmad Said Esber, nascido no norte da Síria numa família de origem alauita em 1930, trabalhou no campo durante a infância. Seu pai lhe recitava poemas que o fazia memorizar depois. Aos 12 anos teve a oportunidade de recitar um poema para o presidente sírio Shukri al-Kuwatli. Foi lhe concedido um desejo e ele pediu para estudar. E assim se fez. Continuou estudando e escrevendo. Cursou Filosofia na Universidade de Damasco onde se licenciou em 1954.

Quando teve a publicação de seus poemas rejeitada, mudou de nome. Escolheu um nome pagão - Adonis.





Cantos para a morte

         1

         Quando passe por mim vou dizer que a morte
foi estrangulada pelo silêncio
vão dizer que dorme quando durmo

         2

         Ó mão da morte alarga meu caminho
o ignoto fascinou meu coração
ó mão da morte estira-o ainda mais
assim poderei descobrir a essência do impossível
e ver o mundo em meu arredor

 

         Cantos para o amor

         1

         um eco de ti me disse:
“o segredo que fala de ti e de mim
não tem idade”

         sabemos como podem amar as estações
sabemos que línguas falaram
no desconhecimento do vento e do espaço

         3

         não tenho medo
devo inventar o testemunho que
te corresponde

 

         Entre teus olhos e eu

         quando penetro meus olhos nos teus
vejo a alvorada profunda
vejo o antigo ontem
vejo isso que ignoro
e sinto que passa o universo
entre os teus olhos e eu

 

         Unidade

         o universo uniu-se a mim
suas pálpebras cobrem com as minhas
o universo ligou-se à minha liberdade,l
qual dos dois criou o outro?

Adonis, tradução de Antonio Miranda

18 de setembro de 2021

DO BLOG CIRANDEIRA

 

Folhas ao vento




Amar é avermelhar-se de paixão; é corar e descorar-se em simetrias no arco-íris do nadir. E se nada é o mesmo que nadir, nada-se no seco dos olhos afogados na tempestade da dor...

As mãos, como os pés, podem fazer longas caminhadas através do som - deslizam sobre teclados de pianos, de sanfonas; seus dedos dedilham entre as cordas de um violão, nos levam além e alhures sob as cordas de um violino. As mãos são nossos retransmissores cerebrais.

Vou folheando os dedos, passando as páginas, revendo estórias escritas. Por quantas mãos? O ovo ou a serpente? O pensamento voa levando consigo ideias que não têm dono, que se multiplicam, se desdobram, e adquirem outras interpretações, outros significados: mentiras de outrora, hoje transformadas em "verdades". Mãos e pés às vezes dão passos desencontrados, por caminhos tortuosos, mas a caminhada há de prosseguir...!

3 de setembro de 2021

NIZAR QABBANI

 


Até hoje não  conhecia tradução em português.

Lia as traduções inglesas. 


Poeta sírio, 1923 - 1998

Retirado do blog:

http://sobreasruinas.blogspot.com/?m=0


POEMAS DE NIZÂR QABBÂNÎ




Depois de Roma ter ardido
e de tu teres ardido com ela
não esperes de mim
que te escreva um poema para te chorar
eu não estou acostumado
a chorar pássaros mortos


(tradução de André Simões)

:

بَعْدَما احْترقَتْ رُوما
واحْتَرقْتِ مَعَها..
لا تَنْتَظري مِنّي
أن أكتُبَ فيكِ قصيدةَ رثاءْ
فما تعوُّرتُ،
أن أرثيَ العصافيرَ الميِّتة
.
******                                                                                    ******


pensei ontem no meu amor por ti

lembrei-me logo

das gotas de mel nos teus lábios
e então lambi o açúcar das paredes da minha memória

(tradução de André Simões)


:

فكّرت أمس، بحبي لك
تذكرت فجأة ..
قطرات العسل على شفتيك
فلحيت السكر عن جدران ذاكرتي ..