Mulher pequena,
descobres no sal
dos meus ombros o
suave gotejar
dos mitos
incinerados na batalha de Ambuíla
com a sua longa
sede de dongos submersos.
Dongos? Sim,
dongos é o que crias
sobre a pele dos
séculos nunca ressequida
de dizer sou
povo.
À luz dessa
janela vista assim de um ângulo rente ao chão
te amo outra vez
olhando a copa dos mamoeiros no auge do verão.
O sol é o mesmo
cão rafeiro castanho muito claro com
manchas brancas
no pescoço
comendo da sua
lata o tutano das promesas.
E eu vi-te
desceres do céu. E a terra tremeu.
José Luís
Mendonça (Angola)
Um comentário:
Uma bela poesia, ao ritmo de um dongo cortando suavemente as águas.
Boa semana.
Abraço.
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