Recalcitrante é o blog da semana. O Blog da Meg como eu carinhosamente chamo. Nao vos aconselho a visitá-lo, eu OBRIGO-VOS democraticamente a visitá-lo e nao digo mais nada!
Um silêncio e passos d’homens importantes
Ecoam chão de mosaicos
Poc, poc, poc…ecos
E fatos enfatados
E engravatados
D’homens importantes que as gentes!
Um microfone num discurso sábio
Regado de palavras sábias
O silêncio cúmplice dos dias
No silêncio do silêncio
Das gentes cansadas das oratórias
E discursos de hipocrisias!
Uma torrente de palavras rechonchudas
Um desfile de sapiência
Em gravatas abastadas
As minhas gentes caminham mudas
E desesperam paciência
Na dor do alvorecer de madrugadas!
Quem compra os espinhos das gentes
No suor da caminhada?
Passos d’homens arrogantes
Ecoam mosaico d’estrelas
Eu rezo as velas
Das gentes perfiladas nas estradas!
As minhas gentes suam injustiça dos dias
E dor das noites silenciadas
Magricelas
No palácio das estrelas
Gravatas abastadas
Festejam hipocrisia de palavras sábias!
A minha noite adormece entristecida
Na cobardia da gente emudecida!
Poema vivo, vivo e cheio dos barulhos-povo de uma cidade frenética de VIDA, vida e dificuldades... Este poema é, para além do poema escrito, um outro poema "escrito-música", unicamente SOM. Uma sonoridade que de uma forma magistral foi poeticamente representada através da palavra escrita. Quem nao conseguir SENTIR-OUVIR e PRESSENTIR isto nao inspira a totalidade deste poema, a sua ALMA!
Namibiano Ferreira
Candongueiros
XÉ CANDONGUEIRO
Candongueiro tem pressa
Sobe na baúca
Não tem conversa
Condução louca
Pé no acelerador, velocidade
Não respeita prioridade!
Eh! Candongueiro dono da estrada
Ultrapassa pela direita
Manobra arrojada
Ultrapassa
Vuza na estrada estreita
“Trabalha não dá confiança”, tem pressa!
Candongueiro abarrotado
Não afrouxa na lomba
Leva gente p’ra mutamba
Pé no acelerador, velocidade
Dono da cidade
“Dinheiro trocado, dinheiro trocado!”
Eh! Candongueiro tem cobrador
Que grita: 1. de Maio, Maianga, Maianga…
Pé no acelerador, zunga-que-zunga
Abarrotado de gente
Não respeita cliente:
“Ou encosta ou desce meu senhor!”
Zé Pirão, São Paulo, Roque
“Não há maka emagrece meu kota”
Candongueiro manda na estrada
Leva gente do musseque
Gente enlatada
Roda batida é dono da rota!
“Trabalha não dá confiança”
Prenda, Mulembeira, Mulembeira
Leva gente do povo gente da praça
Candongueiro transporte do povo
Não é carro novo
Arranca levanta poeira!
Zunga-que-zunga sobe o passeio
Carro cheio
Xé candongueiro
Respeita passageiro
E espera prioridade
Candongueiro é dono da cidade!
Eh! Candongueiro é gente importante
No carro velho
Leva gente p’ro trabalho
Carrega gente descarrega gente
Ku Duro música alta
Xé candongueiro olha multa!
Décio Bettencourt Mateus (Angola)
In Xé Candongueiro!
Xé: atenção !, cuidado !
Candongueiro: espécie de mini-autocarros – normalmente Toyota Hiace ou Comuter, azul e brancos – que se dedicam ao transporte de pessoas. Baúca: espaço adjacente à parte de trás dos bancos da frente, i.e. do motorista e outros. Emagrece: em linguagem popular do candongueiro quer dizer que o cliente deve encostar-se o máximo que puder, para que outro cliente possa sentar-se. Ku duro: estilo musical made in Angola, em moda. Kota: mais velho, pessoa de respeito.
Creo señor firmemente que de tu pródiga mente todo este mundo nació,
que de tu mano de artista, de pintor primitivista, la belleza floreció.
las estrellas y la luna, las casitas las lagunas,
los barquitos navegando sobre el río rumbo al mar,
los inmensos los cafetales, los blancos algodonales
y los bosques mutilados por el hacha criminal,
los inmensos los cafetales, los blancos algodonales
y los bosques mutilados por el hacha criminal.
Creo en vos, arquitecto, ingeniero,
artesano, carpintero, albañil y armador,
creo en vos, constructor de pensamiento,
de la música y el viento, de la paz y del amor.
Yo creo en vos Cristo obrero, luz de luz y verdadero unigénito de Dios,
que para salvar al mundo en el vientre humilde y puro de María se encarnó.
Creo que fuiste golpeado, con escarnio torturado,
en la cruz martirizado siendo Pilatos pretor,
el romano imperialista, puñetero y desalmado,
que lavándose las manos quiso borrar el error,
el romano imperialista, puñetero y desalmado,
que lavándose las manos quiso borrar el error.
Creo en vos, ...
Yo creo en vos compañero, Cristo humano, Cristo obrero, de la muerte vencedor.
Con tu sacrificio inmenso engendraste al hombre nuevo para la liberación.
Vos estás resucitando en cada brazo se alza
para defender al pueblo del dominio explotador.
Porque estás vivo en el rancho, en la fábrica, en la escuela,
creo en tu lucha sin tregua creo en tu resurrección,
porque estás...
Creo en vos...
Yo creo en vos, Cristo obrero
luz de luz y verdadero
unigénito de Dios que para salvar el mundo
en el vientre humilde y puro de María se encarnó.
Creo que fuiste golpeado
con escarnio torturado
en la cruz martirizado
siendo Pilatos pretor.
El romano imperialista
traicionero y desalmado
que lavándose las manos
quiso borrar su error.
Creo en vos arquitecto, ingeniero,
artesano, carpintero, albañil y armador;
creo en vos constructor del pensamiento,
de la música y el viento, de la paz y el amor.
Yo creo en vos compañero,
Cristo humano, Cristo obrero
de la muerte vencedor con el sacrificio inmenso
engendraste al hombre nuevo para la liberación.
Dios está resucitando
en cada brazo que se alza
para defender al pueblo
del demonio explotador.
Porque estás vivo en el rancho,
en la fábrica, en la escuela;
creo en tu lucha sin tregua
creo en tu resurrección;
Porque estás vivo en el rancho,
en la fábrica, en la escuela;
creo en tu lucha sin tregua
creo en tu resurrección.
Creo en vos arquitecto, ingeniero,
artesano, carpintero, albañil y armador;
creo en vos constructor del pensamiento,
de la música y el viento, de la paz y el amor.
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)
Teboho "Tsietsi" MacDonald Mashinini (born January 27, 1957 in Central Western Jabavu, Soweto, South Africa, died summer, 1990 in Conakry, Guinea) was the primary student leader of the Soweto Uprising that began in Soweto and spread across South Africa in June, 1976.
Mashinini was a bright, popular and successful student at Morris Isaacson High School in Soweto where he was the head of the debate team and president of the Methodist Youth Guild.
A move by South Africa's apartheid government to make the white, colonial language Afrikaans an equal mandatory language of education for all South Africans in conjunction with English was extremely unpopular with black, Bantu and English-speaking South African students.
A student himself, Mashinini planned a mass demonstration by students for June 16, 1976. This demonstration which would become known as the Soweto Uprising lasted for three days during which several hundred people were killed, the majority of them black students.
Having been identified as the leader of the uprising by the South African government, Mashinini fled South Africa in exile, first to London then later to various other African countries, including Liberia where he was briefly married to Miss Liberia 1977, Welma Campbell.
He died under mysterious circumstances, possibly of AIDS, possibly of homicide, in the summer of 1990 while in exile in Guinea. His body was repatriated to South Africa on August 4, 1990 where he was interred in Avalon Cemetery. His grave bears the epitaph "Black Power."
(Biografia retirada de Wikipedia)
Se tiverem a oportunidade aconselho este livro, ABurning Hunger - One Family's StruggleAgainst Apartheid. Nao sei se existe traducao em portugues, mas é um excelento livro escrito pela americana Linda Schuster. A Burning Hunger conta a história dos Mashinini, da Revolta do Soweto e claro está do próprio regime racista do Apartheid.
ela tem uma ave nos contornos de mulher
e me vê com as escleróticas em fuga.
deixa-se ir ao tempo com um corpo de navio
enche a embala com o seu todo.
ela emergiu da “casa inabalável”
e victoriosa depôs o soba.
rendo-me à vassalagem quero-a solta e rica.
certo ou incerto os sonhos errados
tornam-se vivos: como um compêndio de
mil escrituras no amor que gesticulo.
É dia da grande festa do futebol, no entando há dor. Nelson Mandela perdeu mais um dos seus ente queridos em acidente de viaccao. Neste momento as minhas sinceras condolencias ao Madiba.
Mulher, feminista, comunista, separada do marido, empobrecida, louca. Muitos foram os estigmas que Jacinta Passos enfrentou. Sua trajetória de vida absolutamente singular, bem como sua fidelidade às ideias e valores que elegeu, levaram-na a chocar-se diuturnamente contra tudo e todos, na contramão do tempo. Seus embates foram duríssimos. Não fugiu a nenhum. Ao contrário, parece que os buscou. Pagou um preço pessoal muito alto pelas escolhas que fez. Jamais se apresentou como vítima. Caneta e lança na mão, escudo de ferro no peito, foi como guerreira que se apresentou, lutando até o último dia de vida contra muitos, inclusive contra uma parte de si mesma. Venceu, foi derrotada e recomeçou várias vezes, sem nunca ter perdido de todo a ternura, como aconselhava Che Guevara – o Che da Revolução Cubana que ela tanto admirou –, pois foi poeta até morrer.
Jacinta Passos *
Este é o primeiro parágrafo da biografia de minha mãe que escrevi, e que consta do livro Jacinta Passos, coração militante, que será lançado no dia 8 de junho, terça-feira próxima, no Espaço Unibanco de Cinema Gláuber Rocha, na Praça Castro Alves, Salvador, de 18 às 21 horas. O volume reúne a obra completa em verso e prosa de Jacinta, inclusive inéditos, sua fortuna crítica e ensaios escritos especialmente para a edição. Em breve, o livro, que é uma coedição da Corrupio e da Edufba, estará nas livrarias do país, inclusive nas virtuais. A partir da próxima semana, já poderá ser comprado pelo site da Edufba.
Trago-vos hoje, para o Blog da Semana e pela primeira vez, um blog nao lusófono mas pertinho da nossa lusofonia, de habla castellana. Trata-se do blog argentino: Lisarda Baila Cumbia (http://lisarda.blogspot.com/)
Foto do blog Lisarda Baila Cumbia
Borges, Oda escrita en 1966
Nadie es la patria. Ni siquiera el jinete
Que, alto en el alba de una plaza desierta, Rige un corcel de bronce por el tiempo, Ni los otros que miran desde el mármol, Ni los que prodigaron su bélica ceniza Por los campos de América O dejaron un verso o una hazaña O la memoria de una vida cabal En el justo ejercicio de los días. Nadie es la patria. Ni siquiera los símbolos.
Nadie es la patria. Ni siquiera el tiempo Cargado de batallas, de espadas y de éxodos Y de la lenta población de regiones Que lindan con la aurora y el ocaso, Y de rostros que van envejeciendo En los espejos que se empañan Y de sufridas agonías anónimas Que duran hasta el alba Y de la telaraña de la lluvia Sobre negros jardines.
La patria, amigos, es un acto perpetuo Como el perpetuo mundo. (si el Eterno Espectador dejara de soñarnos Un solo instante, nos fulminaría, Blanco y Negro relámpago, Su olvido.)
Nadie es la patria. Pero todos debemos Ser dignos del antiguo juramento Que prestaron aquellos caballeros De ser lo que ignoraban, argentinos, De ser lo que serían por el hecho De haber jurado en esa vieja casa. Somos el porvenir de esos varones La justificación de aquellos muertos; Nuestro deber es la gloriosa carga Que a nuestra sombra legan esas sombras Que debemos salvar. Nadie es la patria, pero todos los somos. Arda en mi pecho y en el vuestro, incesante, Ese límpido fuego misterioso.