24 de fevereiro de 2010

SOLIDARIEDADE COM A MADEIRA

Solidário com o povo da Madeira e com as vítimas e perdas humanas. Mas por favor que não se transmitam mais imagens sobre a tragédia. A Madeira, como destino turístico e que tem nessa actividade uma das grandes fontes de receita, precisa, mais do que nunca ser divulgada pela sua beleza.
Pois que assim seja:


Madeira

Madeira

Curral das Freiras - Madeira

Madeira

Ribeira Brava - Madeira

Porto Moniz - Madeira

Cabo Girao - Madeira

11 de fevereiro de 2010

PELA LIBERDADE... SEMPRE!





11 de fevereiro de 1990


If you want to make peace with your enemy, you have to work with your enemy. Then he becomes your partner.



Let freedom reign. The sun never set on so glorious a human achievement.

I detest racialism, because I regard it as a barbaric thing, whether it comes from a black man or a white man.


NELSON MANDELA








LINKS:

Nelson Mandela Foundation:
http://www.nelsonmandela.org/index.php

IBEJI



Esta postagem foi retirada, com devida permissão, do blogue: http://enredosetramas.blogspot.com/

 Ibeji - Foto avmobley
Ibeji*



Num rumorejo alegre
as moças cuidadoras
aveludaram a senhora



arrumaram seus cabelos
escolheram seu vestido
e pintaram suas unhas
cor de rosa.



Foi assim adocicada
que a mulher sentou-se
frente ao bolo perolado
entre firme e desvanecido
em cascatas de açúcar.



As velas pulsando 80
e o batuque vigoroso dos corações
bordeando a mesa
atordoaram a menina.



Os mais atentos viram,
apesar da inexatidão dessa hora,
quando ibeji ventou sorrindo
roubando doces da mesa
e fazendo brotar dos olhos dela
a nascente de um rio.

Martha Galrão (Brasil)


*Ibeji - é uma divindade ioruba, sempre representada por gêmeos, presente nos rituais brasileiros do candomblé; às vezes aparece como crianças. Simboliza os opostos que se complementam, a dualidade que caminha junta.


Conheci os poemas de Martha Galrão no seu blog, Maria Muadiê. Fiquei cativa dos seus poemas de forte influência afro-baiana, das misturas de temas abstratos com assuntos cotidianos, e das surpresas que sua sensibilidade de mulher nos apronta. “Ibeji” reúne isso tudo, além de me remeter, com ou sem razão — afinal, quem domina as próprias associações? —, ao conto “Feliz Aniversário”, de Clarice Lispector. Uma amostra da poesia sensível e contemporânea desta poeta baiana.

Enrredos e Tramas de Janaina Amado (Brasil)

 

POEMA DE MOACY CIRNE


Não conheço Luanda
mas conheço a fibra
daqueles que a amam.

Não conheço Luanda
mas conheço a bravura
daqueles que a vivem.

Não conheço Luanda
mas conheço a lida
daqueles que a sonham.

Não conheço Luanda
mas conheço a garra
daqueles que a revivem.

Não conheço Luanda.
Mas conheço Luanda.

(Moacy Cirne, 2010) - Brasil

9 de fevereiro de 2010

QUERO SER TAMBOR





Quero Ser Tambor

Tambor está velho de gritar
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.


Nem flor nascida no mato do desespero
Nem rio correndo para o mar do desespero
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.


Nem nada!


Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.
Eu
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala
Só tambor velho de sentar no batuque da minha terra
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.


Oh velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando como a canção da força e da vida
Só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!


José Craveirinha (Moçambique)

2 de fevereiro de 2010

O JULGAMENTO

Uma maré de leis
Adormecidas em papéis
Uma severidade de martelo
Martela a sala
E o réu treme o cabelo
E se cala!




A toca do Juiz ajuiza
Uma sentença
De laboratório
O réu suspira um murmúrio
De esperança
E o Juiz ajuiza a causa!




Meritíssimo, o réu é inocente
Bradará a voz do céu
Na voz da gente
Da defesa do réu
E o Juiz ajuiza soberano
Montado no trono!




Meritíssimo, elevados
E importantes serviços prestou à nação
O réu. Rogamos absolvição
Bradarão advogados
O martelo da justiça martela
E a sala se cala:




Conduzam o réu à cadeia!
Sentenciará uma (in)justiça
De sentença
A multidão das gentes
Em surdina protesta e vaia:
Inocente, inocente, inocente…




O martelo da (in)justiça pavoneia
E (re)sentencia
Insistente:
Conduzam o réu à cadeia!
Inocente, inocente, inocente…
Clamará a surdina de enfurecida gente


Luanda, 26 de setembro de 2007.

Décio Bettencourt Mateus (Angola)


in "Xé Candongueiro" (cerimónia de lançamento efectuada em Luanda a 21 de Janeiro 2010)

http://mulembeira.blogspot.com/