choram os murilaondes
o sangue dos homens
vertido inutilmente…
a língua bifurcada
dos iniciados
é tocada
com o dente da serpente
e os tambores gemem
na profundeza
verde-escura
da selva
a palavra maldita:
- cálua, cálua, cálua!!!
a lua,
mutunga brilhante
no olundongo
entoado pelas nuvens,
semeia sombras confusas
de comedores-de-almas
espalhando-se pela terra…
dos eumbos
elevam-se gritos de dor…
no mato,
as hienas dançam
ao som ritual
das mbulumbumbas
e os seus olhos
chispando fogo
são corações humanos
transformados em brasas…
(a floresta retorce-se
toda
num esgar de sofrimento)
e, de longe,
no ribombar dos trovões,
os tambores gargalhantes
dos ngngas…
nos eumbos,
a seiva vermelha
alucinada
banha os olhos dos
homens…
… o irmão mata o seu
irmão!...
Jorge
Arrimar (Angola)
Nenhum comentário:
Postar um comentário