16 de janeiro de 2009

NOSSA SRA. DA MUXIMA - ANGOLA

Flores de acácia para Mama Muxime!!!





LOCALIZACAO


Na margem esquerda do rio Cuanza, Muxima situa-se no distrito de Bengo, a cerca de 138 Kms a sul de Luanda.
Sede do concelho de Quiçama, comarca, arquidiocese e distrito de Luanda. Compreendia, durante o período em que era uma província ultramarina portuguesa, os postos de Demba, Chio, Cabo Ledo, Mumbendo e Quixinge, sem contar com a sede. Situa-se a cerca de 40 metros de altitude, na margem esquerda do rio Cuanza. Tem um clima tropical, quente e húmido e os meses mais quentes vão de Dezembro a Abril. O algodão, o palmar e os citrinos eram os produtos mais explorados. A maior parte da área do concelho constituía (será que ainda constitui?) uma reserva de caça. Muxima começou como presídio em 1959, com o fim de dominar os irrequietos povos da Quiçama. Cercada durante o domínio holandês, conseguiu resistir-lhe e, posteriormente, a sua Fortaleza e a Igreja de N.ª Sr.ª da Conceição passaram a ser consideradas monumentos nacionais. As comunicações fazem-se, quer através do rio Cuanza, quer por estradas que, na década de 1970, podiam ser consideradas como excelentes, ligando a Muxima a Gabela, a Porto Amboim, a Maria Teresa (40 kms), a Demba Chio (55 kms) e a Luanda (138 kms).

A CAPELA DE NOSSA SRA. DA MUXIMA

A capela da Nossa Senhora da Muxima é dos lugares de Angola em que fica bem evidenciado o lado espiritual dos africanos. Conta a lenda popular que ela surgiu repentinamente, por obra de um milagre da Santa Maria, que terá tido duas aparições no local na primeira metade do século XVII. Desde então o local tem sido um dos pontos preferenciais de muitos crentes, a maioria dos quais católicos. Relata o padre local, o mexicano Mário Torrez, que o povo acredita não só no poder contido na capela, mas em toda a área circundante. Muxima (coração em Kimbundu) é uma zona de forte tradição de magia e bruxaria, pelo que o "surgimento milagroso da capela" terá sido uma demonstração de poder de Maria sobre as outras poderosas da área. Pouco claras são igualmente as versões convencionais sobre as autoridades que edificaram a capela e o forte naquela localidade do município da Kissama. Determinados estudiosos atribuem a edificação da capela e do forte aos holandeses - na época em que ocuparam Angola - enquanto a grande maioria destes acredita ter sido obra dos portugueses. A segunda tese é sustentada pelo facto de a Holanda não ter tradição católica, e por os holandeses terem dominado por pouco tempo (cerca de 5 anos) os territórios de Ngola. Acresce-se ainda a particularidade de o forte, localizado no morro, situado ao lado da capela, em que se diz ter aparecido Maria, apresentar um estilo típico português. É igualmente curioso o facto de a potência dominadora (tenha sido Portugal ou a Holanda) ter resolvido edificar um templo num local de tão difícil acesso, e a vários quilómetros da costa, numa altura em que a ocupação da colónia restringia-se à orla marítima. Esse facto alimenta a suspeita de que o local já era considerado sagrado pelos autóctones antes da edificação do templo. Assim, os colonizadores terão edificado o templo católico sobre o local sagrado dos povos locais, como forma de mostrar o seu poder e submetê-los psicologicamente. Com efeito, a dominação dos deuses de um povo tem sido uma técnica de submissão dos povos usada por várias potências imperialistas ao longo da história da humanidade. No meio de toda essa amálgama de lendas, milagres, mistérios e contradições, desde 1645 - e quiçá muito antes - que Muxima tem chamado a si corações de milhares de pessoas que junto dela falam das suas preocupações, angústias e desejos. Muita gente vai à "Mamã Muxima" na esperança de que esta resolva os seus problemas de saúde que a ciência não tenha conseguido debelar, outros vão pedir que ela lhes traga dinheiro e os livre da pobreza em que vivem. Não raramente pessoas há que vão à Muxima para entregar-lhe a vida de alguém.

O Forte da Muxima e a capela, estão hoje considerados Património Mundial da UNESCO, a pedido do Governo angolano. No inicio do mês de Setembro faz-se a peregrinação que actualmente se mantém e que se pode observar na primeira foto.

MUXIMA

Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Se uamgambé uamga uami
Gaungui beke muá Santana
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua

[Carlos Aniceto Vieira Dias - Angola]

A palavra "muxima" quer dizer coração em Kimbundo. Essa música fala da Nossa Senhora do Coração dos Angolanos, também chamada Mama Muximaue; é um verdadeiro hino em Angola.

Nenhum comentário: