18 de julho de 2008

MÃE

Todos os dias sao dias da Mae...

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
_ mistério profundo _
de tirá-la um dia?
Fosse eu o Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará para sempre
junto de seu filho
e ele, velho, embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

Meg disse...

Caro Namibiano,

Mãe "devia" ser isso mesmo. Mas hoje já não é. Drummond ainda não sabia que mão ia passara a ser outra coisa. Principalmente quando já não tem utilidade. Deixa de ser mãe para ser estorvo. É tratada como um fardo a carregar. A internar num qualquer (dito) Lar...
Estou amarga talvez...
Um abraço