10 de dezembro de 2008

D. DINIS, EL-REI POETA






D. DINIS, sexto rei de Portugal.

D. Dinis, nasceu a 9 de Outubro de 1261, e morreu em Santarém a 7 de Janeiro de 1325. Casou em 1288 com D. Isabel, a Rainha Santa, (nasceu em Saragoça, 1270; morreu em Estremoz a 4 de Julho de 1336; enterrada em Santa Clara de Coimbra), filha de Pedro III e de D. Constança, reis de Aragão.


Filho de D. Afonso III a de D. Beatriz de Castela. A doença de seu pai preparou-o bem cedo para governar.

Foi aclamado em Lisboa em 1279, para iniciar um longo reinado de 46 anos, inteligente e progressivo. Lutou contra os privilégios que limitavam a sua autoridade. Em 1282 estabeleceu que só junto do rei a das Cortes se podiam fazer as apelações de quaisquer juízes, a um ano depois revogou doações feitas antes da maioridade. Em 1284 recorreu às inquirições, a que outras se seguiram. Em 1290 foram condenadas todas as usurpações.

Quando subiu ao trono, estava a coroa em litígio com a Santa Sé motivado por abusos do clero em relação à propriedade real. D. Dinis por acordo diplomático, obteve a concordata após a qual os litígios passaram a ser resolvidos pelo rei a os seus prelados. Apoiou os cavaleiros portugueses da Ordem de Santiago, que pretendiam separar-se do seu mestre castelhano. Salvou a Ordem dos Templários em Portugal, passando a chamar‑Ihes Ordem de Cristo.

Travou guerra com Castela, mas dela desistiu depois de obter as vilas de Moura a Serpa, territórios para lá do Guadiana e a reforma das fronteiras de Ribacoa. Percorreu cidades a vilas, em que fortificou os seus direitos, zelou pela justiça a organizou a defesa em todas as comarcas. Fomentou todos os meios de uma riqueza nacional, na extracção de prata, estanho, ferro, exigindo em troca um quinto do minério a um décimo de ferro puro. Desenvolveu as feiras, protegeu a exportação de produtos agrícolas para a Flandres, Inglaterra e França. Exportações que abrangiam ainda sal e peixe salgado. Em troca vinham minérios e tecidos. Estabeleceu com a Inglaterra um tratado de comércio, em 1308. Foi o grande impulsionador da nossa marinha, embora fosse à agricultura que dedicou maior atenção. A exploração das terras estava na posse das ordens religiosas. D. Dinis procurou interessar nelas todo o povo, pelo que facilitou distribuições de terras. Fundou aldeias, estabeleceu toda uma série de preciosas medidas tendentes a fomentarem a agricultura, adoptando vários sistemas consoante as regiões a as províncias.

Deve-se ainda a D. Dinis um grande impulso na cultura nacional. Entre várias medidas tomadas, deve citar-se a Magna Charta Priveligiorum, primeiro estatuto da Universidade, a tradução de muitas obras e tornou a lingua portuguesa oficial, ate ai era o Latim, etc.

A sua corte foi um dos centros literários mais notáveis da Península.

Um poema de sua autoria:



AI FLORES, AI FLORES DO VERDE PINO…



Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?



Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?



Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?



Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mh´á jurado!
Ai Deus, e u é?



- Vós me preguntades polo voss´amado,
e eu ben vos digo que é san´e vivo.
Ai Deus, e u é?



Vós me preguntades polo voss´amado,
e eu ben vos digo que é viv´e sano.
Ai Deus, e u é?



E eu ben vos digo que é san´e vivo
e seerá vosc´ant´o prazo saído.
Ai Deus, e u é?



E eu ben vos digo que é viv´e sano
e seerá vosc´ant´o prazo passado.
Ai Deus, e u é?



D. Dinis (Portugal)

1261 – 1325




Segue-se um poema publicado em Mensagem da atoria de Fernando Pessoa, assim descreve o poeta este grande rei:

SEXTO CASTELO
D. DINIS

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo

De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,

É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.

(Fernando Pessoa, in Mensagem)

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