Rio Kwanza (Barragem de Kambambe)
E eu era o teu kwanza
Caudaloso
E tortuoso
Destreza
A farfalhar as margens
Das tuas paragens!
Um kwanza vaidoso
E sinuoso
A fundir a doçura
Do meu açúcar
Na salgadura
Das ondulações do teu mar!
Ou ainda a nostalgia
Dum pôr-do-sol a entardecer
A luz do teu dia
Eu era a delicadeza
Duma brisa
A sussurrar-te o amanhecer!
Era a noite solitária
A beijar a insónia
Da tua madrugada
Uma mania
D’aurora adiada
Na maré da tua praia!
Era a melodia
Do trecho
Do canto dum riacho
Harmonia
D’águas a batucarem pedras
E a polirem lascas ásperas!
Um aceno distante
No anoitecer
Da tua noite
Dormida-acordada
Eu era o kwanza da tua almofada
A balbuciar-te o alvorecer!
Décio Bettencourt Mateus in "Xé Candongueiro!"
Luanda, 07 de Junho de 2007
http://mulembeira.blogspot.com/